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A sobrecarga de trabalho das mulheres durante a pandemia



As revoluções femininas e a luta pela equidade de gênero promoveram a introdução da mulher no mercado de trabalho. Se antes a mulher era responsável apenas pelos cuidados do lar e da família, hoje o sustento da casa é atribuído, também, a elas.


Com o intuito de alcançar a independência financeira e contribuir para a melhora da qualidade de vida, muitas mulheres tiveram que entrar no mercado de trabalho e conquistar cargos que, antes, eram destinados somente para os homens.


No entanto, apesar do avanço igualitário, vivemos em uma cultura que, de certo modo, ainda reproduz um antigo discurso de que a educação dos filhos e os afazeres domésticos são responsabilidade da mulher. No entanto, com a pandemia gerada pelo coronavírus (Covid-19), essa realidade ficou ainda mais evidente.


Claro que o isolamento social obrigatório impactou a rotina de toda a população e afetou a nossa saúde mental. Entretanto, esse efeito colateral foi desigual para as mulheres, segundo uma pesquisa realizada em 2020 pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.


O home office apontado inicialmente como sinônimo de liberdade e redução da jornada de trabalho, aos poucos passou a ser visto com outros olhos, principalmente pelas mulheres que precisavam enfrentar duas realidades: a rotina corporativa e familiar.


A falta de espaço privativo; a dificuldade de se desligar das tarefas, seja do espaço virtual ou doméstico, muitas delas com pouco ou nenhum auxílio do parceiro; a convivência familiar em tempo integral, sem a possibilidade de obter momentos de lazer; além da demanda escolar dos filhos, são algumas situações que promovem desafios durante a pandemia.


Além disso, não podemos esquecer das mulheres que foram demitidas ou tiveram redução de seus salários, e outras que, por necessidade, pediram demissão por não terem com quem deixar seus filhos, uma vez que escolas e creches também foram suspensas. Sem contar aquelas que, em meio a essa situação, sofrem violência física e psicológica.


Nesse sentido, é importante mencionar que quase 8,5 milhões de mulheres brasileiras saíram do mercado de trabalho até o terceiro trimestre de 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, aumentou o tempo do cuidado com a manutenção do lar e o estresse com a ausência de trabalho ou perspectiva.


O estresse com o trabalho - se houver -, os cuidados do lar e o suporte à vida educativa dos filhos geraram uma sobrecarga de trabalho enorme as mulheres, desencadeando exaustão física e, principalmente, emocional.


O fato é que a sobrecarga de trabalho das mulheres veio acompanhada por aumento dos níveis de estresse, de ansiedade, irritação e cansaço constantes, alterações de sono, depressão, além da sensação de insuficiente para dar conta de tudo.


Na realidade, a pandemia só evidenciou o que muitas mulheres viviam há anos: a dupla jornada de trabalho e a falta de apoio do parceiro. Por isso, é fundamental que elas tenham quais são os seus limites que, aliás, é um desafio que muitas mulheres enfrentam após se tornarem mães, pois tendem a se colocar em segundo plano.


No entanto, se as mulheres não priorizarem sua saúde mental e não terem momentos de autocuidado, os impactos negativos poderão persistir mesmo após a pandemia, agravando o quadro psicológico e emocional.


É importante que essa tarefa não seja só da mulher, mas de todos que convivem com ela. É preciso entender que, mesmo após inúmeras conquistas femininas, o machismo e a desigualdade de gênero, presentes em diversos ambientes, ainda fazem parte da nossa cultura e atravessam a nossa história.


Lembre-se que esses valores transmitidos de geração em geração são disfuncionais, mas que, mesmo assim, tem impacto suficiente para afetar a autoestima da mulher, piorando ainda mais a sua qualidade de vida, seja no âmbito profissional ou familiar. No final das contas, esses aspectos refletem em todo mundo.




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