Um crescente corpo de pesquisa mostra que a depressão pode prejudicar as empresas. No ano passado, mais de 75.000 brasileiros foram expulsos do mercado de trabalho pela recessão, cobrando um preço alto das empresas. É o que aponta um relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que classificou o país como líder mundial em casos de transtornos de ansiedade e quinto em casos de depressão.
Mas diante dessas terríveis circunstâncias, é chocante quantas empresas simplesmente ignoram (ou tentam ignorar) que problemas podem acontecer com seus funcionários. Como Gerente de RH, CEO, Diretor, Fundador, o que você está fazendo pela sua saúde e pela saúde de sua equipe? Já lhe ocorreu que alguns membros de sua equipe podem estar à beira do esgotamento?
Os números divulgados pela OMS e pelo INSS são chocantes. Milhares de pessoas deixam seus empregos todos os anos devido a problemas de saúde mental.
Espera-se que a depressão se torne a doença mais incapacitante do mundo nos próximos 3 anos. Hoje, custou à economia global cerca de US $1 trilhão. Isso é uma questão de saúde pública? Claro! Mas todo empregador tem a responsabilidade de garantir o bem-estar e a saúde de seus funcionários.
Qual é o papel das empresas privadas?
Se até as contas públicas são ajustadas com o apoio do setor privado, a mobilização das empresas privadas para combater a depressão e outras questões relacionadas à saúde emocional é igualmente importante. Nossa taxa de desemprego quase dobrou nos últimos dois anos: de 6,8% para 12,6%. Esse é um dos motivos apontados como contribuintes para o aumento dos índices de depressão na população.
As empresas são obrigadas a cortar custos. Elas reduzem suas operações, mas podem e devem continuar cuidando dos que ficam para que os números não piorem. Em muitos ambientes corporativos, o medo da perda do emprego, o assédio moral e o clima de desconfiança são os principais causadores de estresse no contexto atual. Por isso, muitos casos de afastamento são declarados como sendo acidente de trabalho, recaindo sobre a empresa.
Circunstâncias como a perda do cônjuge ou de parentes muito próximos (como pais e filhos), o fim de um relacionamento ou mesmo a perda do emprego podem deixar as pessoas profundamente vazias e até confusas. Procurar ajuda de um psicólogo pode fazer a diferença entre superar um momento difícil ou um hiato permanente.
Depressão corporativa: como combater?
A fundadora da Vittude compartilhou no blog da plataforma que visitou o RH de uma grande empresa multinacional. O objetivo da reunião era avaliar possíveis parcerias entre as duas empresas e divulgar a plataforma aos funcionários. A reunião fluiu muito bem: o gestor considerou a inovação muito bacana. Mas, ao final do encontro, desabafou ser difícil nos apoiar e divulgar a Vittude. Ao questionar o porquê, ela ouviu a seguinte resposta: seria muito legal e saudável se nossos funcionários tivessem mais acesso a psicólogos, porém eu não posso estimular que eles usem o plano de saúde com isso. “Caso aumente o número de pessoas indo ao psicólogo, provavelmente teremos um aumento na sinistralidade e terei os valores do plano de saúde reajustados no próximo ano”, explicou.
Isso na verdade é uma visão míope. Será que alguém parou para colocar em uma planilha os custos decorrentes de alguns transtornos? Em 2017, a mídia noticiou uma condenação do Itaú, obrigado a pagar indenização por danos morais a alguns funcionários que foram assediados moralmente por um gestor descompensado: R$ 1 milhão foi o valor da multa.
Improdutividade e automedicação
Como você calcula o custo intangível da ineficiência para alguém com problemas emocionais? TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é uma realidade. Há inúmeros relatos de profissionais usando Ritalina para manter o foco e ter um desempenho melhor.
Por exemplo, pessoas que trabalham nas mesas de negociação de grandes bancos e fundos de investimento admitem tomar Ritalina para conseguir se concentrar e ler relatórios de mercado. Nenhum deles fez acompanhamento com psicólogo, apesar do uso de medicamentos. O uso de Rivotril e outros antidepressivos também está cada vez mais comum.
Como você pode ver, este não é um problema passageiro ou menor. Profissionais de todas as áreas podem ser acometidos por transtornos de humor, causando enormes prejuízos em suas vidas e nas empresas em que trabalham. Como em qualquer outra situação, a automedicação pode ter efeitos devastadores. Portanto, antes de olhar para a taxa de perda de um plano de saúde, considere o enorme dano que essa economia pode causar aos resultados financeiros da sua empresa.
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